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A história dos ex-alunos do Colégio Marista que dão as cartas no Carnaval

mente me disse:⁢ ‘Você não entende porque é negro’”, escreveu o cantor em suas redes sociais.

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De dentro dos muros do prédio da​ escola⁢ – que em​ 2010 virou ‌sede do Instituto Federal ⁤da Bahia -, houve o ponto de partida para a empresarização do carnaval de Salvador⁣ . Foi do edifício centenário, que deixou de ser a sede ‍da escola em 2008, que saíram alguns dos fundadores das ​principais⁣ empresas dessa⁤ indústria.

Os ex-alunos criaram agremiações tradicionais como o EVA, o Crocodilo e o Beijo, e os mais recentes, como⁢ o grupo San Sebastian, responsável por blocos ⁣como Blow Out e O Vale, e a⁢ Oquei Entretenimento, que assina boa parte dos eventos de⁢ pré-folia.

Tudo começou ⁣na ⁢escola. A​ combinação de uma rotina artística e de⁢ gestão – como o grêmio estudantil,​ festivais de música, olimpíadas e outros ​eventos – com amizades que duram até hoje fomentou o⁣ o que viriam a ser grandes ​negócios. Entre os colégios particulares, o⁤ Marista matriculava os⁤ principais sobrenomes da elite ​econômica⁤ e política da ​época.

“A ‍cidade era pequena, então ⁣era como se ⁢a escola fosse para a rua”, lembra o arquiteto Heron Valladares, 61 anos.No⁤ Marista, ele acompanhou os diferentes movimentos no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Viu amigos dois anos mais velhos⁤ fundarem o Eva, acompanhou colegas mais novos criarem o Crocodilo e assistiu ao próprio irmão ⁢e outros amigos se juntarem para criar o bloco Beijo.

A experiência da primeira geração, da década de 1970, viria a⁢ influenciar todas as‍ seguintes. Para muitos daqueles ‍estudantes, o‍ Carnaval, ‍até então, era mais restrito aos clubes, principalmente o Bahiano ⁤de Tênis.

O arquiteto Heron Valladares lembra ⁤da primeira vez ‍que⁤ foi para​ a rua. Um amigo que morava no⁤ Jardim Baiano convenceu ⁢uma turma a acompanhar o ⁢Top 69, tradicional trio ‍elétrico que surgiu ‍na década⁤ anterior.

“Foi o‍ começo da gente‍ curtindo o Carnaval⁣ de rua. Isso influenciou muito o pessoal.‌ Um ano depois⁢ (em 1978), todo mundo saiu no Camaleão. Teve o Traz-Os-Montes, mas não ‍era o pessoal do Marista. Era um pessoalou-se para mim e disse: ‍‘Você não entende porque é negro’”, ⁢escreveu o cantor em seu perfil no​ Instagram.

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Longe do centro, os ‍amigos promoviam noites de serenata e ‌churrasco.‌ “Como era um lugar ​mais isolado, a⁢ gente podia fazer um pouco mais de barulho”. No terceiro ano‌ do Ensino Médio,‍ almoçavam juntos toda segunda-feira,‍ quando saíam da escola. Depois, seguiam para​ o cinema no atual ‍Shopping da Bahia.​ Poucos anos depois, aqueles encontros virariam reuniões, sempre ‍no mesmo dia,⁢ todas as semanas,para falar do EVA.

Na escola, a disputa pela presidência do grêmio ‍foi ​crucial para ‌a história do bloco. Aqui, um spoiler: o grêmio⁣ do Marista ainda terá um papel importante na trajetória de⁣ outros grandes‌ nomes da indústria do axé. Parte dos amigos chegou a se dividir e⁣ formar duas⁤ chapas,‌ mas, no fim, o que imperou foi‌ uma gestão ​conjunta nos três anos do​ Ensino Médio.

“A gente sempre via nossos amigos meio nervosos, agoniados, estressados com‍ vestibular. Aí,‍ Jorginho (Sampaio)⁤ teve a ideia⁤ de criar o ⁣Clube Eva. O que o ⁣clube ia fazer? Agitar o terceiro ano”, lembra Hunfrey, citando o ⁣amigo e posterior ‌sócio,‍ morto em dezembro do ano passado.

Vieram campeonatos esportivos, festivais, festas, passeios de escuna. Em um forró, fretaram um ônibus para levar toda⁤ a⁢ turma para⁤ o sítio​ da Estrada Velha. Isso durou até o fim do ano letivo. No‌ ano ​seguinte, os 11 – que, na verdade, naquele momento eram 14 – se ⁣espalharam pelas faculdades como Administração, ⁣Direito e ​Medicina.

Mas o ‍’baba​ continuava’ e os encontros seguiram, ainda que menos frequentes. “Nesse processo, ⁤Jorginho sugeriu criar‌ o bloco de Carnaval. O Camaleão ⁣tinha sido criado por um grupo de ex-alunos do Vieira e o Marista tinha uma ⁣rivalidade na ⁢época. ​Mas todos‍ nós fomos contra. ‘Que porra⁢ de bloco ⁣de Carnaval, você‍ é‌ maluco’. ⁢Ele ficou um ‍ano pentelhando até que, em 1980, a‌ gente‍ concordou”, conta. Havia apenas duas condições: a primeira era de que se chamasse ​EVA; a segunda, de que duraria apenas ⁣cinco ‌anos, o ⁣tempo máximo para que ⁣todos terminassem a ‌faculdade.

O ritmo ‍das reuniões semanais às segundas para planejar o​ EVA foi o que ⁢afastou três‌ dos​ amig/p>

É importante destacar que, apesar das contribuições positivas de ⁤ex-alunos do Colégio ⁢Marista para a ‍indústria do​ entretenimento e do ⁣Carnaval, ​também houve relatos⁢ de experiências⁢ negativas, como o⁤ caso de Gilberto Gil, ‍que sofreu racismo durante ‌sua passagem pela escola.‌ Essas experiências ressaltam a importância de‌ promover um⁣ ambiente escolar ⁣inclusivo e livre de discriminação, independentemente da origem étnica ou social dos⁢ estudantes.la a boca, neguinho’. Foi a primeira vez que ouvi a palavra⁤ ‘neguinho’ como uma ofensa”, escreveu o ⁤cantor.

Outra empresa que foi formada por sócios que saíram do Marista foi a Penta Entretenimento. Fundada em 1997, a companhia tem em ⁢seu casting, ⁤hoje, alguns dos ⁢principais nomes do Carnaval – em especial, do pagode. É o caso de Psirico, Parangolé, O Poeta e La Fúria, além de Lincoln.

Desde 2009, o⁢ Marista tem uma sede⁣ em Patamares, quando o colégio foi transferido da​ unidade do Canela. Ex-aluno, o cantor Durval Lelys foi um‍ dos que se⁣ engajou em protestos⁤ contra a venda do antigo prédio, em‍ 2008.

Além disso, Gilberto Gil, um ⁤dos maiores nomes da história da música brasileira, também é ex-aluno ‌da escola. Ainda ⁤que seja mais velho do que⁢ as gerações que levaram à maioria ⁣dos empresários, Gil ⁣engrossa a lista ⁣dos responsáveis pela economia carnavalesca ser como é. Há 24 anos, ele e sua família comandam o ⁤Expresso 2222, espaço vip que foi um dos primeiros ‍camarotes ⁤do circuito Barra-Ondina e que se tornou referência no gênero.

Por ser negro, a trajetória do músico, ⁢porém, foi diferente do que outros colegas contemporâneos viveram. Em 2021, Gil usou as redes⁣ sociais para falar sobre seu período como estudante​ na escola. Ele relatou ter sofrido racismo pela primeira vez lá.

“Só fui sentir o racismo quando comecei​ a ir ao⁢ Colégio Marista, ⁢em Salvador, de pequenos burgueses, na maioria brancos, a elite baiana. Eu sofria muito, não só da parte dos colegas, mas também da parte ⁣dos professores,⁢ dos padres, dos irmãos. ‌Era uma discriminação disfarçada, atenuada durante todo o tempo, mas ‌com‍ algumas ⁤manifestações agudas. Lembro-me que uma vez, quando pedi uma⁣ explicação, um professor, que se chamava Irmão Inácio, simplesmente virou para mim⁣ e disse: ‘cale a boca, seu negro boçal”, contou.

informações apresentadas destacam a influência do Colégio Marista de Salvador‌ na ⁢formação de diversos profissionais e artistas, especialmente no cenário do Carnaval e da música baiana. Além disso, também evidenciam a questão do racismo ⁤vivenciada por alguns ex-alunos, como o cantor Gilberto Gil.⁢ Esses relatos ‍ressaltam a importância de⁢ discutir e combater o preconceito racial, mesmo em ambientes⁣ educacionais.nformações fornecidas destacam a influência do Colégio Marista de Salvador na formação de profissionais ‍e artistas de ‍destaque, especialmente‍ no cenário do Carnaval e da música baiana. Além ‌disso, também ressaltam a experiência de Gilberto Gil como ex-aluno, evidenciando os desafios enfrentados por ele devido ao racismo. Esses ⁣relatos mostram ⁢a importância de discutir e combater a discriminação racial, mesmo⁣ em ambientes educacionais.

Outra empresa que foi formada por sócios que saíram do Marista foi a Penta⁣ Entretenimento. Fundada em 1997, ‍a companhia tem em seu casting, hoje, alguns dos principais nomes do Carnaval ⁤- em especial, do pagode. É ‌o caso de Psirico, Parangolé,⁢ O Poeta e ‌La Fúria, ​além de Lincoln.

Desde 2009, o Marista tem uma sede em Patamares, quando o‍ colégio foi transferido da unidade ⁢do Canela. Ex-aluno, o cantor Durval ​Lelys foi um dos que se⁤ engajou em protestos ⁢contra a venda do antigo prédio, em ​2008.

Além disso, Gilberto⁢ Gil, um⁤ dos maiores⁤ nomes‍ da história da música brasileira, também é ex-aluno da escola. Ainda ​que seja mais velho do que ​as gerações que levaram⁤ à maioria dos empresários, Gil engrossa a lista dos responsáveis ‍pela economia carnavalesca ser ⁤como é. Há ⁤24 anos, ele e sua família comandam o Expresso 2222, espaço vip que foi um⁣ dos primeiros camarotes‌ do circuito Barra-Ondina e ⁢que se tornou referência no gênero.

Por ⁣ser negro, a trajetória do músico, porém, foi diferente do que outros colegas contemporâneos viveram.⁣ Em 2021, Gil usou as redes⁣ sociais para falar sobre seu período como estudante na escola. Ele ‌relatou ‍ter sofrido racismo pela primeira vez lá.

“Só fui‌ sentir ​o racismo quando comecei a ir ao ⁤Colégio‌ Marista, em Salvador, de ​pequenos burgueses, na‍ maioria brancos, a elite baiana. Eu sofria muito, não ⁤só da parte dos colegas, mas‌ também da parte dos professores, dos padres, dos irmãos. ⁣Era uma discriminação disfarçada, atenuada durante todo o ⁣tempo, mas com algumas manifestações agudas. Lembro-me que uma vez,⁣ quando pedi uma explicação, um professor, ​que se chamava Irmão Inácio, simplesmente virou para mim⁣ e disse: ‘cale a boca, seu negro boçal”, contou.

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O⁤ Marista, ⁢sem dúvida, dava um grande apoio às ⁣atividades culturais, fomentava ‌essa rede entre ‌os ⁣alunos, que, mesmo de​ séries diferentes, se envolviam em diversos projetos, como o grêmio estudantil, do qual fiz parte por muitos anos.

O período em que estudou na escola,⁢ entre 1989 e‍ 1999, é visto por⁤ ele como crucial para⁢ ter decidido seguir ⁣por esse caminho. “Foi desde⁢ lá que fui nutrindo a paixão​ por eventos, o⁤ gosto por liderar equipes, por assumir desde jovem responsabilidades que, sem querer ou não, me prepararam para o​ mercado em que trabalho​ hoje. Não tenho dúvidas de que, antes e depois, outros profissionais da área ⁣tenham dado no colégio ainda esses primeiros passos”, analisa.

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